Kamala Harris, atuando como uma espécie de “czar” da banda larga durante a administração Biden, está profundamente envolvida nas políticas atuais e busca deixar um legado positivo em um contexto onde os resultados têm sido decepcionantes. Sob a liderança de Biden, a Casa Branca garantiu cerca de US$ 90 bilhões para reduzir a divisão digital, sendo que US$ 42,5 bilhões foram alocados especificamente para o programa BEAD (Broadband Equity, Access and Deployment). Este programa visa financiar o planejamento e a construção de infraestrutura de banda larga em estados, mas, infelizmente, enfrenta atrasos significativos e a distribuição dos recursos tem sido lenta. Por exemplo, a Virgínia recebeu a aprovação inicial para acessar US$ 1,48 bilhão em financiamento apenas em julho, mesmo tendo sido a primeira a solicitar em setembro de 2023.
O programa BEAD, que é parte da Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos, enfrenta críticas e desafios, especialmente por causa das exigências rigorosas sobre impacto ambiental e práticas trabalhistas. Isso tem sido explorado pelos republicanos, que veem a regulação como um obstáculo ao crescimento econômico. A NTIA (Administração Nacional de Telecomunicações e Informação), que gerencia o BEAD, se defende afirmando que o programa está progredindo, mas é improvável que os projetos financiados pelo BEAD comecem a ser implementados antes de 2025.
Por outro lado, Donald Trump também fez promessas grandiosas sobre a expansão do acesso à internet, especialmente em áreas rurais, mas suas ações foram limitadas. Durante sua administração, a FCC, sob a direção de Ajit Pai, lançou o Rural Digital Opportunity Fund, prometendo US$ 20,4 bilhões para a expansão da banda larga rural. No entanto, essa iniciativa foi, na verdade, uma reformulação de um programa já existente criado sob Obama. Os esforços da administração Trump em comparação com os de Biden ou Obama foram mais modestos, com investimentos significativos apenas em iniciativas como o programa ReConnect do Departamento de Agricultura.
Atualmente, Trump e o Comitê Nacional Republicano parecem menos focados em discutir a banda larga rural ou a divisão digital. Isso pode indicar que, se reeleito, seu governo será novamente caracterizado por investimentos de pequeno porte em vez de grandes programas de infraestrutura. O “Projeto 2025”, que foi elaborado por pessoas próximas a Trump, destaca a necessidade de liberar mais espectro para a banda larga sem fio e simplificar o processo de licenciamento. O projeto também busca reduzir regulamentações relacionadas ao impacto ambiental e acelerar a aprovação de provedores de satélites, como o StarLink, que são vistos como essenciais para a segurança econômica e nacional dos EUA.
Em suma, tanto Kamala Harris quanto Donald Trump têm suas promessas e desafios em relação à expansão do acesso à internet. Enquanto Harris se concentra em acelerar a implementação de programas existentes, Trump parece preferir uma abordagem mais voltada para a desregulamentação e investimentos menores. O futuro do acesso à internet nos EUA, especialmente em comunidades carentes, continuará sendo uma questão crucial nas próximas administrações.
Redação Confraria Tech.
Referências:
Election 2024: What will the candidates do about the digital divide?