Chegou a vez da fusão nuclear: startup recebe investimento recorde de 130 milhões de euros em rodada de financiamento


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No mundo da energia, a busca por fontes limpas e renováveis tem sido uma constante nos últimos anos. Com o aumento da preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, investimentos em tecnologias inovadoras têm se tornado cada vez mais comuns. E essa tendência ganhou um novo protagonista: a fusão nuclear.

Uma startup francesa chamada Proxima Fusion acaba de receber um investimento recorde de 130 milhões de euros em uma rodada de financiamento Série A. Esse montante coloca a empresa no seleto grupo de concorrentes bem financiados na corrida pela fusão nuclear, ao lado de outras gigantes do setor como a General Fusion, a TAE Technologies e a Commonwealth Fusion Systems.

Mas o que é exatamente a fusão nuclear? E por que tantas empresas estão apostando nessa tecnologia? A resposta está na promessa de uma fonte de energia limpa, segura e abundante. A fusão nuclear é o processo que ocorre no núcleo do Sol, onde átomos de hidrogênio se fundem para formar hélio, liberando uma quantidade enorme de energia no processo. E é exatamente essa energia que os cientistas estão tentando replicar em laboratórios aqui na Terra.

A tecnologia de fusão nuclear possui várias vantagens em relação às usinas nucleares tradicionais, que funcionam através da fissão nuclear. Enquanto na fissão nuclear os átomos são divididos em partes menores, liberando energia e criando resíduos radioativos perigosos, na fusão nuclear as partículas se unem, gerando menos resíduos e sem emitir gases de efeito estufa.

Além disso, a fusão nuclear é uma fonte de energia praticamente inesgotável. O combustível utilizado, o hidrogênio, é o elemento mais abundante do universo, o que torna a tecnologia ideal para suprir a demanda energética mundial de forma sustentável. Estimativas apontam que apenas um litro de água do mar contém energia suficiente para abastecer uma casa por 150 anos.

No entanto, apesar do enorme potencial, a fusão nuclear ainda enfrenta vários desafios técnicos e financeiros. Uma das maiores dificuldades é alcançar a temperatura e pressão necessárias para iniciar a reação de fusão, que chega a atingir 150 milhões de graus Celsius. Para isso, os cientistas estão explorando diferentes abordagens, como o confinamento magnético e o confinamento inercial.

É nesse contexto que a Proxima Fusion entra em cena. A startup francesa foi fundada em 2020 por uma equipe de cientistas e engenheiros com vasta experiência em energia nuclear e plasma. Eles estão desenvolvendo uma tecnologia baseada em um conceito chamado de tokamak compacto, que promete ser mais simples, mais barato e mais eficiente do que os modelos convencionais.

O tokamak compacto é um tipo de reator de fusão nuclear que utiliza um campo magnético para confinar o plasma, que é o quarto estado da matéria formado por átomos ionizados. A principal diferença em relação aos tokamaks convencionais é que o compacto é menor e usa supercondutores de alta temperatura para gerar o campo magnético. Isso permite que o reator seja construído com materiais mais baratos e resistentes ao calor, além de ser mais fácil de operar.

Com o investimento de 130 milhões de euros, a Proxima Fusion planeja construir um protótipo do tokamak compacto e testá-lo em escala real. Segundo a empresa, a tecnologia já foi validada por meio de simulações computacionais e experimentos em laboratório, mas ainda precisa ser comprovada em uma escala maior. O objetivo é alcançar a temperatura necessária para iniciar a reação de fusão em 2026.

Além do tokamak compacto, a Proxima Fusion também está desenvolvendo uma tecnologia de reciclagem de combustível baseada em um processo chamado de transmutação acelerada. Essa técnica permite a transformação de resíduos nucleares em combustível para a fusão, tornando o processo ainda mais sustentável.

O investimento na Proxima Fusion é um sinal claro de que a fusão nuclear está ganhando cada vez mais atenção e atraindo investimentos significativos. Nos últimos anos, vários países têm se unido para desenvolver projetos de pesquisa em fusão nuclear, incluindo a União Europeia, Estados Unidos, China, Japão, Rússia e Coreia do Sul. E o interesse do setor privado também tem crescido, com empresas como a Amazon, a Microsoft e a Google investindo em tecnologias de energia limpa.

Mas ainda há um longo caminho a percorrer até que a fusão nuclear se torne uma realidade comercial. Atualmente, as usinas nucleares tradicionais ainda são responsáveis por cerca de 10% da energia gerada no mundo, enquanto as fontes renováveis representam apenas 29%. No entanto, com o avanço das tecnologias e o aumento dos investimentos, a fusão nuclear pode ser a chave para uma transição energética mais rápida e sustentável.

O futuro energético do planeta está em jogo e a fusão nuclear pode ser a resposta para um futuro mais limpo e seguro. A Proxima Fusion é mais um exemplo de como a ciência e a tecnologia estão trabalhando juntas para encontrar soluções viáveis e eficientes para nossas necessidades energéticas. E com o investimento recorde de 130 milhões de euros, a startup está mais próxima de tornar essa promessa em uma realidade. Resta agora acompanhar o desenvolvimento da tecnologia e torcer pelo sucesso da fusão nuclear como fonte de energia limpa e abundante.

Referência:
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