A ciência por trás dos jogos: uma conversa com a vencedora do prêmio Vanguarda dos Jogos para Mudança


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A indústria de jogos vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, e com ela, a discussão sobre seu impacto na sociedade. Enquanto alguns acreditam que jogos podem ter efeitos negativos, como o aumento da violência e do sedentarismo, outros defendem que eles podem trazer benefícios significativos, tanto para os jogadores quanto para a sociedade como um todo. E é nesse contexto que Rachel Kowert se destaca como uma das principais pesquisadoras na área de jogos e comportamento humano.

Recentemente, a Dra. Kowert foi premiada com o Vanguarda dos Jogos para Mudança, um reconhecimento que celebra indivíduos que estão impulsionando mudanças positivas através dos jogos. Em uma entrevista exclusiva para o VentureBeat, ela compartilhou suas opiniões sobre a indústria de jogos e o impacto de sua pesquisa na sociedade.

Formada em psicologia e com um doutorado em psicologia social, Kowert se dedica há mais de uma década ao estudo da relação entre jogos e comportamento. Ela é autora de vários artigos científicos e de dois livros sobre o assunto, e atua como consultora para empresas de jogos e organizações sem fins lucrativos.

Segundo a pesquisadora, a ciência por trás dos jogos ainda é pouco explorada e muitas vezes mal interpretada. Em sua opinião, isso se deve à falta de compreensão sobre o que são jogos e como eles funcionam. “Jogos são muito mais do que apenas entretenimento. Eles são uma ferramenta poderosa de conexão social, aprendizado e desenvolvimento pessoal”, afirma Kowert.

E ela tem razão. De acordo com uma pesquisa realizada pela Entertainment Software Association, 70% dos jogadores jogam com amigos, seja online ou presencialmente. Além disso, jogos podem ser excelentes ferramentas educacionais, pois estimulam habilidades como resolução de problemas, tomada de decisão e trabalho em equipe.

Mas como a Dra. Kowert enxerga a relação entre jogos e comportamento humano? Ela explica que, assim como qualquer outra mídia, jogos não são bons ou ruins por si só. O que importa é como eles são utilizados. “É importante pensar nos jogos como uma ferramenta. Eles podem ser usados para o bem ou para o mal, dependendo da forma como são desenvolvidos e consumidos”, afirma a pesquisadora.

Ela também destaca a importância de se considerar o contexto em que os jogos são jogados. “Não se trata apenas do jogo em si, mas também do ambiente em que ele é jogado e do indivíduo que está jogando”, completa Kowert. Por exemplo, um jogo violento pode ter efeitos diferentes em uma criança e em um adulto, ou em um jogador solitário e em um grupo de amigos.

Outro ponto relevante é a questão do vício em jogos. Embora seja um assunto controverso, a Dra. Kowert afirma que existem evidências de que algumas pessoas podem desenvolver um comportamento viciante em relação aos jogos. Porém, ela ressalta que esse problema é raro e deve ser tratado com cuidado, sem generalizações.

Para a pesquisadora, o papel da indústria de jogos é fundamental na promoção de mudanças positivas através dos jogos. Ela destaca que, apesar de ter havido avanços, ainda há muito a ser feito em relação à diversidade e representatividade dentro dos jogos. “É importante que os jogos reflitam a diversidade da sociedade e respeitem as diferentes identidades e experiências dos jogadores”, afirma Kowert.

E a indústria parece estar caminhando nessa direção. Dados da International Game Developers Association (IGDA) mostram que, nos últimos anos, houve um aumento na diversidade de gênero, etnia e sexualidade entre os desenvolvedores de jogos. Além disso, empresas como a Xbox e a PlayStation têm investido em iniciativas para promover a inclusão e representatividade em seus jogos e comunidades.

Diante de tantos avanços e potencialidades, qual é o futuro dos jogos? Para a Dra. Kowert, ele é promissor. “Acredito que os jogos serão cada vez mais utilizados como ferramentas de aprendizado e desenvolvimento pessoal, e também como formas de promover a inclusão e a mudança social”, afirma a pesquisadora.

E ela tem razão. Jogos como o “Minecraft”, por exemplo, têm sido utilizados em escolas como uma ferramenta de ensino, estimulando a criatividade e a colaboração dos alunos. Além disso, jogos como “Life is Strange” abordam temas sensíveis, como bullying e saúde mental, e promovem a reflexão e a empatia nos jogadores.

Para a Dra. Kowert, pesquisas e estudos científicos são essenciais para compreendermos melhor o impacto dos jogos na sociedade e promovermos mudanças positivas. Por isso, ela continua dedicada ao seu trabalho e espera que seu prêmio Vanguarda dos Jogos para Mudança seja um incentivo para outros pesquisadores seguirem seus passos.

Em um mundo cada vez mais conectado e tecnológico, é fundamental que a ciência acompanhe as transformações e ajude a moldar um futuro mais inclusivo e positivo. E, como a Dra. Kowert nos mostra, os jogos podem ser parte importante dessa mudança.

Referência:
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