A indústria de jogos sempre esteve envolta em polêmicas quando se trata da relação entre atores e empresas de jogos. Por muitos anos, a Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) tem lutado por melhores condições de trabalho e remuneração justa para seus membros que atuam em jogos eletrônicos. No entanto, após anos de negociações e disputas, finalmente chegou-se a um acordo histórico entre a SAG-AFTRA e as empresas de jogos, que promete mudar o cenário atual e trazer mais transparência e justiça para a indústria.
Em uma recente votação, o conselho da SAG-AFTRA aprovou por unanimidade o novo acordo proposto pelas empresas de jogos. O acordo abrange dois temas principais: o uso de inteligência artificial (IA) nos jogos e também um novo contrato para atores que atuam em jogos eletrônicos. Ambos os temas têm sido fonte de controvérsia e disputas entre a SAG-AFTRA e as empresas de jogos nos últimos anos.
O primeiro ponto do acordo diz respeito ao uso de IA nos jogos. Com o avanço da tecnologia, os jogos eletrônicos têm se tornado cada vez mais sofisticados e realistas, o que tem levado as empresas a investirem em inteligência artificial para a criação de personagens e diálogos. No entanto, a SAG-AFTRA tem se preocupado com o impacto que isso pode ter sobre os atores que atuam em jogos. Com a IA, as empresas podem criar personagens com vozes e falas geradas por computador, o que poderia resultar em menos trabalho para os atores.
Para resolver essa questão, o novo acordo estabelece que as empresas de jogos devem informar aos atores, antes da contratação, se seus personagens serão inteiramente gerados por IA ou se terão um desempenho humano. Além disso, os atores receberão uma lista detalhada de todos os papéis disponíveis nos jogos, incluindo informações sobre a tecnologia utilizada para a criação dos personagens. Isso garantirá mais transparência e permitirá que os atores tomem decisões mais informadas sobre os projetos em que desejam trabalhar.
Outro ponto importante do acordo é a criação de um novo contrato para atores de jogos eletrônicos. Até então, os atores eram contratados através de um contrato de escala mínima, o que significava que eles recebiam um pagamento fixo por hora de trabalho, independentemente do sucesso do jogo. Com o novo contrato, os atores receberão uma porcentagem dos lucros do jogo, além de bônus por vendas ou downloads que atinjam determinados marcos.
Essa é uma mudança significativa e que poderá trazer grandes benefícios para os atores. Com a popularização dos jogos eletrônicos, muitos jogos têm gerado lucros astronômicos, mas os atores não recebiam nenhuma parcela desses lucros. Com o novo contrato, isso mudará, garantindo uma remuneração mais justa e alinhada com o sucesso do jogo.
Outro ponto importante do novo contrato é que ele estabelece um limite de horas de trabalho para os atores de jogos eletrônicos. Isso significa que as empresas não poderão exigir que os atores trabalhem horas excessivas sem pagamento adicional. Essa era uma prática comum na indústria, mas que agora será regulamentada e controlada.
Os números envolvidos nesse acordo são impressionantes. Estima-se que, com o novo contrato, os atores poderão receber até US$ 3.100 por cada 500.000 cópias vendidas ou downloads do jogo. Além disso, eles também poderão receber um bônus adicional de US$ 75.000 caso o jogo alcance 2 milhões de cópias vendidas ou downloads. É importante ressaltar que esses valores podem variar dependendo do tamanho e do sucesso do jogo, mas são números que demonstram o potencial de ganhos que os atores terão com o novo contrato.
Já em relação ao uso de IA, os números também são significativos. De acordo com a SAG-AFTRA, mais de 1.200 atores já foram contratados para trabalhar em jogos eletrônicos que utilizam IA. Isso representa cerca de 25% dos atores que trabalham na indústria de jogos. Com o novo acordo, os atores terão mais informações e controle sobre os projetos em que desejam trabalhar, o que poderá resultar em menos contratações de atores para jogos que utilizam IA.
O acordo também foi recebido com entusiasmo pelas empresas de jogos. Em um comunicado à imprensa, a Interactive Software Federation of Europe (ISFE) afirmou que o acordo é um “marco histórico” e que “irá garantir uma relação mais justa e equilibrada entre atores e empresas de jogos”.
Com a aprovação do novo acordo, encerra-se uma longa e conturbada relação entre a SAG-AFTRA e as empresas de jogos. O acordo é uma vitória para ambas as partes, garantindo mais transparência, justiça e benefícios para os atores, e também permitindo às empresas continuarem investindo em tecnologias avançadas para a criação de jogos cada vez mais imersivos e realistas.
Em resumo, a aprovação do acordo pela SAG-AFTRA traz um novo capítulo para a indústria de jogos. Com mais transparência, remuneração justa e limites de trabalho estabelecidos, espera-se que essa relação entre atores e empresas seja mais harmoniosa e justa daqui para frente. É um grande passo para a indústria e um exemplo de como a negociação e o diálogo podem resultar em acordos benéficos para todas as partes envolvidas. Game over para as disputas e controvérsias, é hora de avançar rumo a um futuro mais justo e equilibrado para a indústria de jogos eletrônicos.
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