O tom do jogo é impecável, com momentos de beleza genuína e a interpretação de Troy Baker como Harrison Ford é um deleite. Cada ator traz uma performance incrível, e a escrita, o áudio e a direção remetem ao estilo clássico de Spielberg e Lucas, mas agora em uma forma interativa em primeira pessoa, desenvolvida pelo estúdio MachineGames.
A narrativa se passa em 1937, entre os eventos de “Os Caçadores da Arca Perdida” e “A Última Cruzada”, levando os jogadores a locais icônicos como Roma, Gizé, os Himalaias, Xangai e o antigo reino de Sukhothai, na Tailândia, em uma missão para salvar o mundo de uma mágica antiga e poderosa. E, claro, isso envolve dar muitos socos em nazistas.
Existem momentos em que a música, o ambiente, a iluminação e a escrita se unem para criar cenas memoráveis, como a primeira conversa de Indy com Gina em uma varanda no Vaticano. A interação entre eles é cheia de humor e flerte, enquanto um dirigível nazista se aproxima ao fundo. Nesses instantes, o jogo se assemelha a um clássico filme de Indiana Jones, proporcionando uma verdadeira alegria. No entanto, há também cenas que parecem menos polidas, com animações rígidas e iluminação excessiva. A escrita e o tom, por outro lado, mantêm um padrão elevado.
A mecânica de combate é um ponto que varia bastante. Embora as lutas corpo a corpo sejam o foco, o uso de armas de fogo não é tão eficaz. O chicote de Indy é uma ferramenta versátil, permitindo atordoar inimigos e criar distância. As batalhas contra nazistas e fascistas são satisfatórias, mas as lutas roteirizadas podem parecer repetitivas, com uma falta de feedback sobre o dano causado. A esquiva é um elemento crucial, mas o sistema pode ser um pouco lento e não tão responsivo.
Apesar de algumas falhas no combate, a experiência de furtividade é bastante divertida. O jogador pode se esgueirar entre os guardas nazistas, evitando ser visto, e essa mecânica é simples e eficaz. A exploração é um dos pontos fortes do jogo, permitindo que Indy escale e se mova por ambientes variados, sempre recompensando a curiosidade com segredos e missões secundárias.
Os quebra-cabeças, embora não sejam particularmente desafiadores, são bem executados e baseados em ideias criativas. Eles variam de desafios de lógica a testes de percepção espacial, sempre culminando em recompensas interessantes. A vontade de revisitar o jogo para descobrir o que foi perdido é um sinal claro de que a experiência foi bem-sucedida.
No entanto, o jogo não está isento de problemas. Um bug que encontrei quase me fez desistir: durante uma sequência em um barco, a câmera ficou travada, impossibilitando a visualização adequada do ambiente. Após tentar reiniciar o jogo e o console sem sucesso, precisei voltar a um save anterior, o que foi frustrante, mas não arruinou minha experiência geral.
O que realmente se destaca em Indiana Jones e o Grande Círculo é a forma como a narrativa, a escrita e a atuação se entrelaçam, criando uma atmosfera leve e divertida. O jogo captura a essência do personagem e suas aventuras, mesmo com os deslizes técnicos. É como se MachineGames tivesse criado um filme clássico de Indiana Jones, mas com algumas arestas a serem polidas no aspecto do jogo.
Portanto, ao jogar, é importante ajustar as expectativas. Aceite os bugs, mergulhe na narrativa, descubra todos os segredos e divirta-se com as situações absurdas que surgem, como a corrida desajeitada de Gina vestida de freira. A experiência é, sem dúvida, uma jornada emocionante e cheia de charme.
Redação Confraria Tech.
Referências:
Indiana Jones and the Great Circle review: Great movie, good game
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