História da Intel
Durante anos, a Intel foi sinônimo de inovação e sucesso, especialmente em sua parceria com a Microsoft, conhecida como Wintel. Essa aliança trouxeram lucros astronômicos, mas também gerou uma resistência interna em explorar novas oportunidades que poderiam desviar o foco de seu negócio principal. Em 2005, a Intel perdeu a chance de desenvolver o chip do iPhone, acreditando que poderia simplesmente aprimorar seus chips x86 para smartphones. Essa decisão se revelou um erro, pois concorrentes como a Qualcomm rapidamente dominaram o mercado.
Além disso, a Intel apostou em sua plataforma de GPU chamada Larrabee, que acabou sendo cancelada em 2010. Enquanto isso, a NVIDIA se consolidou como líder no mercado de gráficos, especialmente em áreas como jogos e inteligência artificial, alcançando receitas impressionantes.
A ascensão da inteligência artificial também pegou a Intel de surpresa. Em 2017, o então CEO Bob Swan rejeitou a oportunidade de investir na OpenAI, acreditando que a IA generativa não tinha futuro. Essa falta de visão foi um revés, especialmente em um momento em que a demanda por tecnologia de ponta estava crescendo exponencialmente.
O plano de Gelsinger
Gelsinger, que começou sua carreira na Intel aos 18 anos, voltou à empresa com a missão de reverter essa maré negativa. Seu plano incluía a separação das áreas de design e fabricação, além da construção de novas fábricas de chips com tecnologia avançada. Ele também buscou restaurar a disciplina na produção e retomar a famosa estratégia “tick, tock”, que havia sido interrompida. No entanto, os atrasos na produção e os desafios técnicos tornaram essa tarefa ainda mais complexa.
Infelizmente, a situação piorou. Em outubro, Gelsinger fez comentários infelizes sobre a TSMC, o que resultou na perda de um desconto que a Intel vinha aproveitando. Para agravar ainda mais a situação, problemas de estabilidade de voltagem afetaram os novos processadores Core, levando a empresa a estender garantias e, consequentemente, aumentar os custos. Em agosto, a Intel registrou uma perda de 1,6 bilhão de dólares e anunciou a demissão de milhares de funcionários. Três meses depois, a companhia enfrentou a maior perda trimestral de sua história, totalizando 16,6 bilhões de dólares.
O futuro da Intel
Atualmente, o conselho da Intel está em busca de um novo CEO, mas a tarefa à frente é monumental. Construir fábricas de chips e resolver problemas complexos não é uma tarefa simples, e reverter um declínio que começou em 2015 não acontecerá da noite para o dia. Mesmo com desafios significativos, a Intel ainda é a maior empresa no mercado de chips x86 e continua a gerar receita.
É possível que a nova liderança opte por priorizar lucros de curto prazo em detrimento de um futuro sustentável. A Intel pode continuar a vender versões modificadas de seus chips existentes, enquanto a liderança tecnológica é gradualmente transferida para concorrentes como AMD e Qualcomm. No entanto, a importância da Intel para a indústria de tecnologia global não pode ser subestimada. A manutenção de um fabricante de chips de sua escala é um ativo valioso que poucos governos permitiriam que caísse.
A troca de CEO não resolverá magicamente os problemas complexos da empresa. Gelsinger pode ter cometido erros, mas muitos dos desafios que a Intel enfrenta são heranças de escolhas feitas no passado. Assim, quem quer que assuma a liderança terá que lidar com uma pilha de questões difíceis, ciente de que a paciência do conselho será ainda mais limitada desta vez.
Redação Confraria Tech.
Referências:
Firing Pat Gelsinger doesn’t solve Intel’s problems
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